ETNIA
O conceito etnia deriva do grego ethnos,
cujo significado é povo. A etnia representa a consciência de um grupo de
pessoas que se diferencia dos outros. Esta diferenciação ocorre em função de
aspectos culturais, históricos, linguísticos, raciais, artísticos e
religiosos. A etnia não é um conceito fixo, podendo mudar
com o passar do tempo. O aumento populacional e o contato de um povo com outros
(miscigenação cultural) pode provocar mudanças numa determinada etnia. Geralmente usamos o termo etnia para nos referirmos à grupos indígenas
ou de nativos. Porém, o termo etnia pode ser usado para designar diversos
grupos étnicos existentes no mundo. A ciência que estuda as etnias é conhecida como
etnologia.
Etnocentrismo
O etnocentrismo trata-se de uma avaliação pautada em juízos de
valor daquilo que é considerado diferente. Por exemplo, enquanto alguns animais
como escorpiões e cães não fazem parte da cultura alimentar do brasileiro, em
alguns países asiáticos estes animais são preparados como alimentos, sendo
vendidos na rua da mesma forma como estamos habituados aqui a comer um pastel
ou pipocas. Assim, o que aqui é exótico, lá não necessariamente o é. Outro
exemplo, para além da comida, é a vestimenta, pois, tomando como base o costume
do homem urbano de qualquer grande centro brasileiro, certamente a pouca
vestimenta dos índios e as roupas típicas dos escoceses – o chamado kilt – são
vistas com estranheza. Da mesma forma, um estrangeiro, ao chegar ao Brasil,
vindo de um país qualquer com muita formalidade e impessoalidade no trato,
pode, ao ser recepcionado, estranhar a cordialidade e a simpatia com que
possivelmente será tratado, mesmo sem ser conhecido. Estes são apenas alguns
dentre tantos outros exemplos que ilustram as diferenças culturais nos mais
diversos aspectos. O ponto alto da questão não está apenas em se constatar as
diferenças, mas sim em aprender a lidar com elas. Dessa forma, no momento de um
choque cultural entre os indivíduos, pode-se dizer que cada um considera sua
cultura como mais sofisticada do que as culturas dos demais. Aliás, esta foi a
lógica que norteou as ações de estratégia geopolítica das nações dentre as
quais nasceu o capitalismo como modo de produção. Esses países consideravam a
ampliação da produção em escala e o desenvolvimento do comércio, da ciência e,
dessa forma, a adoção do modo de vida do europeu como “homem civilizado”,
fatores necessários e urgentes. Logo, caberia a este último a função de
civilizar o mundo, argumento pelo qual se defendeu o neocolonialismo como forma
de dominação de regiões como a África. Tomar conhecimento do outro sem aceitar
sua lógica de pensamento e de seus hábitos acaba por gerar uma visão
etnocêntrica e preconceituosa, o que pode até mesmo se desdobrar em conflitos
diretos. O etnocentrismo está, certamente, entre as principais causas da
intolerância internacional e da xenofobia (preconceito contra estrangeiros ou
pessoas oriundas de outras origens). Basta pensarmos nas relações entre
norte-americanos e latinos (principalmente mexicanos) imigrantes, entre
franceses e os povos vindos do norte do continente africano que buscam
residência neste país, apenas como exemplos. A visão etnocêntrica caminha na
contramão do processo de integração global decorrente da modernização dos meios
de comunicação como a internet, pois é sinônimo de estranheza e de falta de
tolerância. Contudo, a inevitabilidade do choque cultural é um fato, pois as
culturas naturalmente possuem bases e estruturas diferentes, dando significação
à vida de formas distintas. Prova disso estaria no papel social assumido pelas
mulheres, que certamente não possuem os mesmos direitos enquanto pessoa humana
em sociedades ocidentais e orientais. Este fato, aliás, tem sido objeto de
longas discussões internacionais acerca dos direitos humanos e das questões de
gênero. A complexidade dessa questão é muito clara, pois se para nós do lado
ocidental algumas práticas são contra o direito à vida e à emancipação; para
outras culturas essas mesmas práticas devem ser aceitas com naturalidade, pois
apenas reproduziriam uma tradição. Dessa forma, a tolerância com relação à diferença
é válida, mas seu limite não está claro, pois como podemos aceitar
pacificamente o apedrejamento de mulheres ou a mutilação de seus corpos? Daí a
necessidade da reflexão constante sobre tais limites, uma vez que o maior
objetivo sempre será o convívio harmonioso e a valorização da vida.
Fonte:
http://www.brasilescola.com/sociologia/etnocentrismo.htm
http://www.suapesquisa.com/o_que_e/etnia.htm
Nenhum comentário:
Postar um comentário